1 de abr. de 2011

O Blefe

   Estava sentada na grama de um parque qualquer, longe de casa e dos meus problemas. A noite era minha camuflagem e a lua minha confidente e as estrelas, bem elas eram as espectadoras do meu diálogo monólogo com ela. Arrisquei-me e apostei minhas cartas em um jogo fatal de blefe de onde eu poderia sair com o tudo ou com o nada. Você era meu trunfo e meu escudo como um par de ases em um jogo de pôquer.  Eu seria capaz de estar frente a frente com o perigo para poder ter esse trunfo em minhas mãos, em meus pensamentos voam milhares de chances com as quais pretendia praticar a vitória.
   Só que de repente eu não havia pesado as contra jogadas que o destino usaria para brincar comigo e eu acabei me tornando a aposta e não mais o jogador. Jogada perigosa, é mesmo apostar que você pode controlar seu futuro com suas decisões sensatas e de caráter nada duvidoso, joguei. Errei. Da mesma maneira com que o jogador deseja que a última carta seja a que lhe dará a jogada perfeita, esperei pelo amanhã e pela minha carta prêmio. O problema é qual amanhã? Qual futuro? Até quando esperarei a dita cuja carta que amaldiçoa todas as minhas bênçãos para que ela apareça?
   Não é uma questão de sorte no final, e sim de quanto tempo sou capaz de suportar a agoniante rotatividade do jogo, de quantas vezes ficarei quase sem fichas para apostar em mim e no que acredito. Quantas vezes meu blefe será desvendado por uma jogada enfame que me tirará as forças até quase o último momento. E quantas malditas cartas trunfo falsas terei de jogar de novo no baralho para que a próxima brinque comigo da mesma maneira.
  Na real é tudo uma questão de quantas vezes eu vou ter coragem de apostar e ter que iniciar uma nova partida, onde a cada segundo o blefe pode ser fatal.