8 de dez. de 2011

Memórias

   Uma velha caixa de sapatos guardando tantas lembranças em frágeis pedaços de papel, coisas que o medo me aflige por não querer esquecer. Abismos criados entre pessoas que um dia foram amadas, e um tênue fio como uma corda bamba convida a me arriscar e atravessar, tentar ir para o outro lado mais uma vez, uma velha piada que eu já conheço, pois não haverá ninguém do outro lado esperando. Amigos, amores, irmãos de alma, tantos que se foram sem nem perceber porque.
   Anos e vidas que passaram voando por mim e eu nem sei ao certo se fiz alguma diferença ou não. É que eu tenho essa coisa incorrigível de mantes todos meus sentimentos mesmo quando as pessoas já se foram. E isso corrói por dentro, ah e como. Vivi anos em dias, e um dia em anos, jeito complicado de explicar como as coisas vêem acontecendo dentro de mim, e uma coisa é certa o tempo não é o melhor dos remédios, nem nunca será. Mas a maneira que se tem é continuar em frente sem tentar olhar muito para trás.




Beijos
Natália Moraes Costa

16 de nov. de 2011

Marcas em Brasa

   Quero um caderno de promessas, quero escreve-las uma a uma em cada página e depois solta-las no vento. Acho que seria muito mais apropriado do que gravar em minha pele e depois ter que me submeter a brasas quentes para apagar as marcas que são deixadas. Cansei de falar de amor, de sentimento, porque no fim acho que fiz quase tudo certo, apenas errei quando coloquei sentimentos, já dizia Clarisse Lispector a respeito disso.
   Quantos cadernos eu não completaria com cada letra preenchida de esperanças que eu ouvi. Não, aquelas palavras de pessoa iludida já se foram, chega-se num ponto em que eu sinto sua falta, porém não te amo mais. É o costume, aquela coisa que fica tão rotineira que a gente nem da mais tanta bola sabe?! Pensamentos tão banais sobre coisas que já foram essenciais que passam despercebidas durante o dia.Ou talvez lá no fundo eu ainda ame, eu ainda sinta, ainda queira acreditar na babaquice que me contavam de pequena com castelos, príncipes e amor, ah o tão desejado e desesperado amor. Coisinha mais feia né! Já vi gente matar, se odiar, virar as costas a um amigo, tudo em nome dele. E mesmo assim as pessoas ainda o buscam tão freneticamente  que se esquecem de que ele sozinho não se sustenta.
   Como algo que era pra ser tão belo, puro e real não consegue se manter vivo apenas por existir? É que na verdade não há, uma coisa tão praticamente inatingível não deveria ser posta como uma coisa que se deve ter na vida, pergunte a qualquer casal a mais de quarenta anos juntos e eles responderão que o segredo desse "amor" é o companheirismo, a amizade e a confiança. Essas sim se sustentam sozinhas sem precisar de adereços, endereços, preços, etc. Tantas páginas a escrever, tantas marcas a apagar. Acho que a razão está toda nisso, não prometer, não querer, apenas viver e deixar-se viver. A vida nada mais é do que um jogo cruel, onde teremos que brincar e usar quem conhecermos porque ninguém disse que seria fácil ou justo jogar com tantas pessoas junto, sem conhecer bem nenhuma delas.

Beijos
Natália Moraes Costa

30 de set. de 2011

Caminhos

   Nunca me contaram que seria tão difícil ir atrás de tudo aquilo que eu sonho e desejo pra mim. É simplesmente impossível escolher entre todas aquelas coisas que ainda te mantém de pé. Mesmo mudando tudo aquilo que nos é comum conseguiríamos escolher. Eu permaneci tanto tempo teimosa com meus sentimentos que os tornei imutáveis, e hoje eles tem me machucado mais do que qualquer outra coisa, porque entram tão em conflito na minha mente com as coisas que eu tenho que cumprir agora. Daí então como quando eu era pequena dividiram minha estrada em dois fazendo com que eu tivesse que escolher qual caminho eu queria colocar meus pequenos pés e grandes sonhos, ideais, e sentimentos.
   Acabo magoando a tantas pessoas e a mim mesma andando com um pé em cada lado da estrada, sem conseguir fazer direito nenhum dos trajetos. Sei que vai chegar uma hora que como num elástico eu não mais conseguirei permanecer nos dois caminhos, e quando esse momento chegar algo de grande valor irá se perder. Como escolher ?! Dois sonhos, tantas pessoas. Não quero mais magoar ninguém, muito menos dar decepções aqueles que esperam tanto de mim. Só que uma hora eu terei que decidir, e essa será a hora em que eu mais temerei a mim mesma e a minha palavra.


Natália Moraes Costa

21 de set. de 2011

Aos Meus Amigos


Um dia a gente descobre que os amigos são completamente o oposto da gente, eles nos completam. Seja com uma simples interjeição a gente já se entende, ou sejam histórias de anos que vem e vão e nem a distância apaga , brigas discussões idéias diferentes também que só fizeram fortalecer o amor. Vem dos laços de sangue, ou dos sentimentos, de perto, de longe, se vendo sempre, ou sem nunca se ver pessoalmente que fosse. Amigos são assim, eles não vêem e vão, são aqueles de sempre e pra sempre! Obrigada por fazerem parte da minha vida e dividirem comigo tudo principalmente as coisas ruins. Não preciso colocar nomes vocês sabem quem são e sempre serão.

Beijos 
Natália Moraes Costa 

17 de set. de 2011

O Coração


Cansei. Somente isso. Desses impostores, que fingem e refletem algo que não são. Principalmente o coração, tão estupidamente lindo que estudando medicina pude aprender que ele nada mais é do que um músculo que bombeia o sangue. E só. Não ele não bombeia nossos sentimentos, ele não para de bater, se ele parou vá a um cardiologista isso pode ser um problema grave, se ele doeu então se cuide pode ser o colesterol entupindo as veias. E ele não manda em nada, é tudo na sua cabeça, então deixe de ser idiota e assuma o controle! Não há nada que você não possa reinventar e reaprender, pois da nossa cabeça podemos lidar é só querer e exercitar. Não existe nada mais forte que você contra você mesmo.


Beijos
Natália Moraes Costa

10 de set. de 2011

Para Sempre

   Para sempre. O pra sempre sempre acaba, já dizia a mestra. Para sempre. Que para sempre ?! Para mim é um momento, um segundo, quantos anos precisamos para reconstruir um instante que vivemos para sempre. Não minto, já jurei o para sempre, num momento, que com certeza foi cravado em pedra e existirá pela eternidade, mas em mim, em você, em nós. Que para sempre ainda existe? Nenhum. E sinceramente prefiro assim. Ninguém está pronto para o eterno, para o imutável, o irremediável. Humanamente impossível estar preparado para algo que existe somente na teoria, não existe um cálculo, ou uma física que comprove a existência de algo que não pode ser evoluído, arrumado, renovado. Repetidas palavras, talvez. Porém incontestáveis.
   Hoje não juro, não prometo, não acredito, muito menos desacredito no para sempre. É só que ele se tornou uma miragem tão bonita de algo que um dia foi meu caminho. Quando me lembro do tempo que acreditava em suas verdades errôneas, meras lembranças para sempre.
   Sendo eu tão inconstante, quantas vezes tentei tornar algo eterno, um sentimento, um toque, um cheiro, um amor, uma amizade para sempre. Para bradar aos ventos que agora era verdade. Erro meu. Peço desculpas a mim e a todos aos quais jurei algo que jamais poderia cumprir, desculpo também aqueles que me fizeram acreditar em tal coisa, e como sempre quebraram sua promessa. Não julgo, não condeno, não me permito. Não mais.
   Pois é, o para sempre é uma criança mimada que adora jogar com as pessoas. Mutilando, dilacerando, iludindo e quantos mais possam existir de sinônimos. Quer saber 'ele' existe, mas apenas para esfregar na cara que nada vai durar o tempo suficiente para que seja interminável. Cansei dessas promessas tolas, desses amores amigos, amantes, e familiares incompletos, mutáveis, e em completo caos. Vou guardar meus momentos de 'para sempre' dentro do meu baú do 'esqueci' e assim acho que posso tentar caminhar na trilha, ou não. Que ninguém jamais descubra o 'para sempre' além das palavras e promessas, pois nesse dia as pessoas terão de começar a cumprir suas promessas e isso, ah, isso seria um enorme problema.


Beijos
Natália Moraes Costa

22 de ago. de 2011

Segredos

   Guardar segredos é tão perigoso quanto falar deles, porém é uma coisa que nos mantém próximos a medida que nos afasta. Estou me excedendo esta noite ?! Pensando em quantos segredos trago aqui dentro, em quantas coisas notadas, irradiadas, imperceptíveis a quem não estivesse prestando atenção. Ah, quantas coisas eu fui e não fui capaz de guardar dentro de mim. Por tantas vezes o silêncio me socou a cara por abrir a boca e falar o que via, e quantas vezes nessas quais fui nocauteada pelo sentimento da ignorância alheia.
   Anjo de dia, maldade pela noite, o veneno está aqui ao lado do paraíso. Me excedi novamente?! Estou completamente perdida nestes momentos em que não posso confiar em ninguém e acabo confiando em todos, é minha maneira de dizer que estou atenta, jamais me perdi dentre tantas falsas verdades mentirosas. É que as ouvi tão repetidas vezes por vozes diferentes que acredito nelas. Ou não. As vezes não sou capaz de acreditar em mim mesmas, sim mesmas. Pois tenho tantas dentro de mim que nem elas e eles se entendem mais. Seria possível? Fisicamente falando é claro! Que tantos coubessem em um, e apenas um fosse o alfa? Pois é nem eu mais sei, pois cada dia alguém assume o leme e decide o que fazer com tantos segredos e tantas realidades inventadas aqui dentro. Por hora me perco na extremamente sensível, mas na maioria das  no cruel e calculista, pois definitivamente é o jeito mais fácil de não ceder aos impulsos de saber tudo que sei.
   No momento quem vos escreve? É o meu eu lírico como os cultos costumam chamar, mas eu a chamo de 'bitch' porque essa sim consegue ser qual é mesmo a palavra? Claro. Impiedosa. E quando decide escrever usa as presas, pois quando ela se senta para falar do que acha, sai para caçar e não para escrever. Cuidado pois se souber segredo seu, por mais que saibas um dela, na maioria das vezes não são verdade.


Beijos
Natália Moraes Costa
 

19 de ago. de 2011

Me traga mais uma dose

   Acredito veemente de que estão no lugar errado. Que tal um palco?! Pois, o teatro é tão grande que não cabe neste lugar de quatro metros por seis. São tão inflados, tão estúpidos, tão ridiculamente falsos perfeitinhos, que me enjoo. Cada palavra fétida que saem de seus lábios, cada ato em estado de putrefação que realizam, com intuito de se mostrar isso. O que?! Isso, este escroto que chamam de personalidade.
   Me traga mais quatro doses, preciso reanimar meu anti-sentimentalismo, porque aguentar gente assim é pior que ver um filme sem nexo e ter que saber a raiz da questão. Ele parou está como um espantalho, e sem o chapéu. Oi ?! Volte aqui menino indecente, as pessoas lhe olham pela janela. Oremos a Deus, que deus. Não coloco letra maiúscula em tudo que acredito ser real. Prenderam a vaca. Que emocionante filme sem sentido. Entenderam como vocês me parecem ? Uma coisa sem sentido, bagunçada e ridiculamente insana.
   Faça o seguinte, continue usando essa máscara, o teatro está lindo e renderá muitos lucros ao seu bolso. Pois quem vive de personagens só pode ganhar coisas fúteis com isso, só ganha um aplauso, mas e depois que eles acabarem quem você será ?! Com certeza aquele que me tratá mais uma dose em um lugar qualquer. Falando nisso aproveite a deixa e me corte uns limões pois hoje a noite irei comemorar sua peça de sucesso.


Beijos
Natália Moraes Costa

14 de ago. de 2011

Os Acordes da Substituição

   É só nos descuidarmos por um instante e pronto: lá estamos nós presos na armadilha. Reféns de nós mesmos. Essa situação, tão estranha e ao mesmo tempo tão corriqueira, se dá todas as vezes que acreditamos que algo é único em nossa vida. Aquela pessoa que já não amamos, e que insistimos que fique ao nosso lado. O amigo que se aproveita de nossas fragilidades para nos ferrar emocionalmente, crendo que sua vida é um enredo suficientemente interessante para ser repartido e repetido. E muitas outras situações em que nos acreditamos privilegiados por contar com a presença e a disponibilidade de quem, convenhamos mais atrapalha do que ajuda.
   Resistimos às mudanças externas porque elas implicam na necessidade de olharmos, primeiramente para as mudanças internas que elas provocarão. Parece sempre mais cômodo e seguro ficar com o que temos. Seja bom ou ruim. Desde que deixamos de ser nômades, acabamos por nos acomodar não só em termos geográficos mas, principalmente comportamentais. Raros são os que se permitem enfrentar desafios sem que a sua estrutura emocional seja severamente abalada. É mais fácil deixar que os outros se desloquem ao nosso redor. Mesmo que com isso acabemos com os membros atrofiados. Nada parece ser mais confortante do que a certeza que as coisas não sofrerão alteração alguma. É sabido que a melhor forma de dar poder a alguém é fazê-lo crer que é insubstituível. Só faltam entregar as algemas para que sejam colocadas em nossos pulsos. Porém nada é único. E ninguém tampouco o é. O que podemos é dar o melhor de nós quando formos solicitados, sem esquecer que atrás de nós sempre vem uma fila gigantesca de candidatos para ocupar nosso lugar. Perceber que ninguém é tão importante a ponto de não poder ser substituído. Infelizmente variam os acordes das pessoas, mas, essencialmente, a melodia é a mesma basta apurar os ouvidos e notar por quem podemos ser substituídos ou o que.

Beijos
Natália Moraes Costa

9 de ago. de 2011

Primeira Vez

primeira vez unica
primeira vez repetida tantas vezes
ah minhas tantas 'primeira vez'
voltem aqui, ou melhor
não voltem aqui, quero outra
quero tantas vezes a primeira vez 
primeira vez vai e vem
ela acontece, repete, e volta
me encontra pra gente ter a nossa primeira vez
me esconde não quero isso de novo
me perdi naquela de outrora
o alvorecer veio e com ele a lembrança futura
de tantas outras primeiras vezes
que ainda pretendo não querer ter novamente

Beijos
Natália Moraes Costa 

2 de ago. de 2011

Não sei

 O problema de toda a minha vida é que eu ainda não aprendi a desistir dos meus erros, não por não querer, mas pelo simples fato de não conseguir me desprender deles. Como cada peça de um quebra cabeças que se não estivesse ali não estaria completo, não poderia terminar.
   Eu também tenho problemas com as despedidas, partidas, e términos, ah esses sim me dão um trabalho danado, eu adoro recomeçar, fazer coisas novas e mudar tudo, mas a cabeça não acompanha a vontade, acho que tenho dois cérebros pra essa parte da minha alma, uma são as minhas vontades outras são a minha capacidade para tal. É estranho pensar em dizer adeus para alguém que você amou só ao dizer oi, seus pais, seus irmãos, seus amigos, seus amores.
   Cansada, estou cansada de dizer tchau, e ter que reaprender a sentir as coisas, a ter que ter todas as primeiras vezes de novo, o beijo, o carinho, o olhar, o sentimento, por todas as pessoas que passaram na minha vida, e principalmente aquelas das quais não consigo me desprender e viver sem. Cansei desse jogo em que ninguém vence, em que todos se machucam. De pessoas que entram na sua vida e fazem você sentir coisas incríveis e simplesmente se esvaem com o tempo e fingem que nunca esteve lá, que nenhuma memória existe, e se não fingem a inexistência quer dizer que nenhuma importância se dá ao ocorrido.
   Seria a solução bloquear os sentimentos, virar uma pessoa fria e evitar tudo isso ?! Jamais saberei pois sou daquela escola de vanguarda que não deixa de sentir por nada e nem ninguém.

Beijos
Natália Moraes Costa

22 de jul. de 2011

Sorrir



são coisas tão simples que nos fazem sorrir as vezes, que esquecemos que podemos ter o mesmo efeito sobre as pessoas sem tentarmos ser heróis :)

1 de jul. de 2011

Mudar

    Arrumando as caixas, colocando tudo separado e selecionado de acordo com preferência e organização. Mas e como escolher, o que vai com o que?! Decidir a ordem de encaixotamento nunca me pareceu tão difícil. Mudanças, sempre são complicadas e mexem com a nossa cabeça, confundem aquilo que sentimos. Mudar de casa, mudar de lugar, mudar de sentimento, mudar a forma de pensar. Mudar. Cinco letras, uma ou mil razões, uma qualidade, um defeito. Mudar o que se vê, o que se acredita, mudar. Dentre todas as crônicas impostas pela vida essa talvez fosse a mais difícil, pois exige tudo de nós , exige que nos expurguemos de tabus, que sejamos capazes de desaprisionar aquilo que nos acorrenta as velhas coisas.
    Não tenho preferências, tenho escolhas. Não tenho caixas, tenho sentimentos. Não tenho ordem, tenho instinto, que me guia, me cega, me liberta. Se tudo que um dia eu mudei e transformei em mim pudesse ser reavisto jamais escolheria tal coisa, pois como dizem muito por ai sou fruto das escolhas e principalmente das mudanças que causei. Não importa o que esteja no meu caminho, não importa o que eu ainda me lembre do passado, não me importa quantas vezes eu tive que encaixotar dores, sentimentos, pessoas! Não me importa mesmo, porque mudar é preciso e regozijador, mudar é mais do que escolha é obrigação. Não se deve ficar estagnado, é preciso mudar, é preciso reaprender a amar, chorar, odiar, caminhar, correr, sorrir, viver,  quantas vezes mais forem necessárias em nossas vidas.


Beijos 
Natália Moraes Costa

20 de jun. de 2011

Baile de Máscaras

Um belíssimo baile de máscaras desfila ao meu redor,
e eu não saberia mais deixa-las cair
Um par de mãos se aproxima, toca-me n’alma
funestas, furtivas,
agora eu vejo as promessas vagas que trouxeram
e o exorbitante brilho falso que exalam
como um odor tátil, eu vejo suas vozes
quantas mentiras sentidas na pele
nada é que parece, e todos utilizam suas facetas
seus pseudos  verdadeiros eu’s rodeiam minhas cartas
‘flush’, uma ganha, e a próxima
blefar comigo, blefar com o inimigo
nada que um risco calculado não possa dar errado
‘deja vu’ eu lembro do que eu direi,
e poderia mudar?! jamais
sou carne e sangue de minhas escolhas
sou alma e sentimentos das minhas quedas
belíssimo baile, belíssimas máscaras
perfeitas mentiras, desfilam ao meu redor
e a verdade é que novamente funestas de angústia
estarão minhas cartas, blefe perfeito
perder com ‘ases’, ganhar com ‘quatros’
nada que um risco não calculado possa dar certo.



Beijos
Natália Moraes Costa

2 de mai. de 2011

Feridas Abertas

Castelos sobrepostos em buracos infinitos
Muros instransponíveis, como você chegou lá?
Sorriu na minha face zombando de minhas fracas defesas
Nada do que eu faça vai mudar o que se passou
Pois as marcas de sua presença ainda estarão lá me seguindo
Como cães de batalha, para me lembrar de que você esteve lá
Eu já não saberia repor meus muros e reaver as falhas
Seria como carregar uma mina em minhas mãos
Sabendo que ela iria implodir e não explodir
Levando para dentro de mim aquilo pelo qual travei guerras para tirar
O que você estava fazendo ali?
Me tirando sentidos, razão, visão
Eu me rendi, eu pulei fundo no poço que eu mesma cavei para enterrar coisas esquecidas
Abri todas as feridas que encontrei no caminho
Esperando que você desse um sentido a elas que eu não poderia
E você tentou e conseguiu, deu sentido a tudo aquilo fazendo-as sangrar novamente
Ateou fogo em minha alma, retirou minhas energias
E meu corpo ardeu em chamas que eu não poderia apagar
O que você estava fazendo ali? O que você ainda faz aqui?
Porque eu não consigo expurga-lo como fiz com todo o resto
Porque algo ainda me prende, porque algo ainda me mantêm aqui?
O problema está em que se eu te tirar dali tirarei de mim algo que me mantêm
Algo pelo qual eu lutei, e mais uma vez cai em meu próprio calabouço





Beijos
Natália Moraes Costa

1 de abr. de 2011

O Blefe

   Estava sentada na grama de um parque qualquer, longe de casa e dos meus problemas. A noite era minha camuflagem e a lua minha confidente e as estrelas, bem elas eram as espectadoras do meu diálogo monólogo com ela. Arrisquei-me e apostei minhas cartas em um jogo fatal de blefe de onde eu poderia sair com o tudo ou com o nada. Você era meu trunfo e meu escudo como um par de ases em um jogo de pôquer.  Eu seria capaz de estar frente a frente com o perigo para poder ter esse trunfo em minhas mãos, em meus pensamentos voam milhares de chances com as quais pretendia praticar a vitória.
   Só que de repente eu não havia pesado as contra jogadas que o destino usaria para brincar comigo e eu acabei me tornando a aposta e não mais o jogador. Jogada perigosa, é mesmo apostar que você pode controlar seu futuro com suas decisões sensatas e de caráter nada duvidoso, joguei. Errei. Da mesma maneira com que o jogador deseja que a última carta seja a que lhe dará a jogada perfeita, esperei pelo amanhã e pela minha carta prêmio. O problema é qual amanhã? Qual futuro? Até quando esperarei a dita cuja carta que amaldiçoa todas as minhas bênçãos para que ela apareça?
   Não é uma questão de sorte no final, e sim de quanto tempo sou capaz de suportar a agoniante rotatividade do jogo, de quantas vezes ficarei quase sem fichas para apostar em mim e no que acredito. Quantas vezes meu blefe será desvendado por uma jogada enfame que me tirará as forças até quase o último momento. E quantas malditas cartas trunfo falsas terei de jogar de novo no baralho para que a próxima brinque comigo da mesma maneira.
  Na real é tudo uma questão de quantas vezes eu vou ter coragem de apostar e ter que iniciar uma nova partida, onde a cada segundo o blefe pode ser fatal.  

22 de mar. de 2011

Perder-se em si mesmo.

Eu teria mil assuntos para falar, e muitas coisas pra escrever. Mas por diversas vezes me perco em meu próprio silencio, consumindo minhas palavras e analisando de uma forma irracional a gritante transformação em mim. Mudança, é disso que desejo falar, daquilo que move o mundo, daquilo que dói, que alegra, que sofre, que contagia.
  Perdi-me em meu silencio novamente, e descobri que nele não existe nada, a não ser eu mesma, e que perdição seria perder-me em mim mesma, sem cobrança alguma de lado nenhum afinal é mais fácil estar forte e sem medo de nada, pois existe apenas o eu. Porém Darwin já dizia que é atrasado todo o ser vivo que não evolui e que fica para trás além de não sobreviver ao mundo que o rodeia, e com certeza te desprezaria por não mudar e evoluir.
   Tudo realmente se transforma quando mudamos, e a mudança é parte da força e da vitalidade. Quem não muda atrasa, erra, peca. Não que seja condenável uma atitude assim, mas acaba por se tornar uma maneira medíocre de se viver. Eu escolhi ser o contrário, escolhi mostrar o que quero e falar o que penso.
   Apesar de devaneios dentro de mim, me encontro e me mostro, porque de que vale ter os dados na mão e não mudar? Não arriscar? Vida medíocre eu não quero e você, quer ficar preso assim sem evoluir, sem inovar, sem viver? Já falei disso e não me prolongarei em coisas que já estamos cansados de saber, acho que vou ali me perder em mim mesma enquanto você tentará fazer o mesmo.


8 de mar. de 2011

Esquecimendo


   Esquecer e perdoar. É isso que dizem por aí. É um bom conselho, mas não muito prático. Quando alguém nos machuca, queremos machucá-los de volta. Quando alguém erra conosco, queremos estar certos. Sem perdão, antigos placares nunca empatam, velhas feridas nunca fecham. E o máximo que podemos esperar é que um dia tenhamos a sorte de esquecer. 

  Mas será que é certo esquecer? Pergunto-me se não é melhor lembrar-se das coisas que passamos para aprender com elas e melhorar, esquecendo estamos fadados ao erro novamente, estamos condenados, apagados, rejeitados a superação. Esquecer é como querer parar o tempo, é como tentar reconectar uma artéria que se separou do coração.
  A memória além de dádiva é útil ao sentimento, ao caráter, ao orgulho e a regorjização da vida. Temos olhos, ouvidos, boca, para receber e transmitir o que de bom temos e aprendemos. E temos onde mesmo? Bem, para bom entendedor meia palavra basta. Porém estou farta de meias palavras, ou até mesmo de palavras não ditas, palavras esquecidas no baú mental que alguns seres humanos criam em suas cabeças. Ninguém vive, ama, sonha, sofre, sente pela metade, ninguém esquece, mas perdoar, bom isso já é outro assunto. 
   O jogo é esse no fim das contas. Tudo termina com um falso esquecimento, e uma mágoa maior, se partilhássemos aquilo que nos aflige seria muito mais "esquecível" ou passivo de aceitação. Esquecer e perdoar são conselhos e não virtudes, e na vida real, conselhos não adiantam de nada pois jamais os seguiremos a risca quando necessário, e não repassaremos da maneira que nos foi passado. Perdoar é um ato, esquecer é fatal a nós e a todos que nos rodeiam. 

   Pense nisso.




Beijos 
Natália Moraes Costa

17 de jan. de 2011

"Meu Pedaço do Paraíso" / parteIV -FINAL

Sem muitas enrolações, segue abaixo o final da minha história. Ficou meio grande mas não quis diviri em duas partes, então larga de preguiça e vai ler :)

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- E então o que você quer fazer hoje?
  A voz dele era suave e doce, eu pensei por alguns instantes e na verdade não saberia o que dizer. Eu ainda tinha tantas coisas que queria perguntar, porém não queria passar meu primeiro dia de seu retorno fazendo perguntas como uma criança que não sabe de nada. Então pensei um pouco mais e decidi que deixaria que ele escolhesse o que não era uma tarefa fácil, pois ele nunca se decidia de nada em todos os anos que ficamos juntos. Mas tive uma intuição de que naquele dia seria diferente.
- Hoje eu deixo você decidir amor, não estou com cabeça para atividades “extracurriculares”.
- Hahaha. – A risada dele foi estridente eu não me contive de rir junto.
- Pois é, considerando que nessa manhã tive um principio de aula sobre anjos, demônios e Deus. Pois é, não falamos dele, mas eu também não quero saber agora sobre isso vamos deixar para a próxima aula a noite.
- Hmm, é uma boa idéia Cléo. Vamos almoçar então naquele restaurante que você gosta e depois te levarei em alguns lugares e te contarei algumas histórias que serão interessantes para você.
- É claro, eu deixo você decidir e é isso que vamos fazer. Passeios turísticos. Ok, não irei reclamar prometo.
- Então se enquanto estivermos passeando você se chatear, decidimos outra coisa para fazer ok?
- Ok.
  Beijei-o nos lábios de leve e me levantei para me arrumar para o nosso passeio. Parei uns segundos para ver seu corpo deitado sobre a cama e me encantei com seu olhar, me perdi naqueles olhos e fiquei imaginando quantos segredos ainda existiam dentro deles. Escolhi uma roupa que eu sabia que Nariel gostava, uma blusa branca frente única com babados em volta, um shorts preto de cetim e um chinelo delicado com um laço rosa na parte de cima. Ele ficou me observando sem dizer uma única palavra, cheguei a notar sua respiração alterar, exatamente como oito meses atrás quando ele teve de ir embora. Seu olhar era como um profundo oceano de tristeza, mas porque ele estava triste? O que havia de errado, estávamos juntos novamente e nada poderia impedir-nos, ou havia algo? Comecei a duvidar de que realmente havia algo errado.

*neste ponto a história é contada a partir do ponto de vista de Nariel, porém é a mesma parte :)

  Ela estava lá, vestindo a minha roupa preferida, é claro que ela ainda lembrava de qual era e fazia propositalmente em usá-la. Eu queria poder já ter contado a ela, sobre o porquê de ter desaparecido oito meses e ainda mais, precisava achar forças para fazer o que era necessário. Minhas ordens haviam sido claras e bem, eu tinha encontrado um jeito de burlá-las não por completo mas de uma forma que seria melhor para mim e para ela. Larguei de meus devaneios e ela estava parada diante de mim com aquele olhar de reprimenda pois eu já havia demorado demais na cama e ela estava pronta e incrivelmente linda.
- Você está estonteante sabia?
- Não me venha com esses seus jogos de sedução, vá se arrumar já.
- Ok, mandona.
- Como é?!
- Minha mandona, eu sempre gostei desse seu jeito tempestivo. Já vou me arrumar, me dê quinze minutos e estarei pronto.
- Quinze minutos!
 Não quis contrariar seu jeito reativo de ser e pulei para fora da cama tomar um banho e me vestir. Minha mente rodava e eu estava tremendamente aleatório a qualquer outra coisa, sim eu estava prestando atenção nela e em tudo que ela me dizia, em cada respiração dela, em cada movimento que produzia e isso me arrasava mais por dentro. Cléo já havia notado meu olhar de tristeza, disso eu tinha certeza afinal da mesma maneira que ela me conhecia eu a conhecia. Terminei de me arrumar antes ainda do tempo que havia prometido me aprontar, e ela ficou feliz com isso eu pude notar quão ansiosa ela estava para sairmos e sermos apenas um casal feliz sem segredos obscuros, eu também queria ter toda essa ansiedade, mas me restava pouco tempo perto dela e eu queria poder aproveitar ao máximo. Fomos comer e ela saltitava como uma criança na véspera de natal estava contente, eu a estava deixando feliz e isso me traria conforto, pois tempos muito difíceis estariam por vir. Depois de comer eu a levei a uma paróquia pequena da cidade, ela não entendeu muito porque, adentramos na pequena construção e ficamos em silêncio observando.
 - Isso tudo é real? – sua voz trazia muita cautela.
- O que especificamente você que saber?
- Céu, inferno, uma vida apenas, Deus, Diabo.
- São muitas coisas para pouco tempo.
- Eu tenho toda minha vida para saber se você quiser.
 Aquilo me apertou o coração e eu não saberia mais esconder a verdade dela.
- Cléo, você quer saber onde eu fui durante esses oito meses?
- É claro.
- Eu fui ao inferno.
- O que?! – seu olhar estava fixo em mim, eu tinha pegado uma rota sem volta e a partir dali as coisas tomariam um rumo, muito, mas muito ruim.
- Eu precisava fazer um trato.
- Tipo aqueles de filmes?
- Mais ou menos. É um pouco mais complicado que isso. Vem cá quero te mostrar algo.
 Eu a peguei pela mão e a puxei para uma pequena escada interna que havia ali, e que subia para o telhado da paróquia. Ela estava desconfiada, e sua necessidade de saber mais era tão intensa que ela sequer conseguia esconder. Nos sentamos no telhado, o sol estava brilhando no céu azul, em cores límpidas e lindas seus raios iluminavam da maneira mais linda que poderiam.
- Não é fácil dizer o que eu preciso te explicar agora Cléo. E você não poderá fugir disso, de maneira alguma.
- Nariel você está me assustando.
- Eu fui ao inferno negociar sobre você.
- ÃHN? Você está brincando comigo não é?
- Não. Lembra quando eu lhe disse que nós anjos recebíamos missões? Então, oito meses atrás eu recebi a minha – meus braços se estreitaram em volta do corpo dela- você.
- Como assim eu?! E se eu era sua missão porque você teve de ir embora? Porque teve de ir ao inferno negociar, Nariel eu quero saber agora!
- Cléo você nasceu na sexta lua cheia do ano, e a soma do dia e mês do seu aniversário resultam no numero seis, e bem amanhã você completará 24 anos é mais ou menos como uma conta matemática.
- Não entendo o que isso tudo tem a ver?
- Amanhã é a sexta lua do ano, isso fecha quatro números seis. As duas ‘sextas luas’, a data do seu aniversario e a soma dos anos que você está fazendo.
- Você esta querendo dizer que eu tenho uma relação com o diabo? Não deveriam então ser apenas três números seis?
- Não. Quatro deles significam que você foi ‘marcada’ ao nascer para que fosse um instrumento dele, e não ele em pessoa. Compreende? Três números marcam a presença do Demônio e quatro deles uma predestinação. E a sua, bem, não está das melhores.
- Você está querendo dizer que eu vou ser possuída?
- O termo correto não é esse, mas digamos que sim.
- Bela piada de mau gosto.
- Você pode prestar atenção no que eu falo?!
  Já não estávamos mais abraçados como antes e a conversa tinha demorado mais do que eu imaginava e o sol já estava baixando. Era quase noite, e eu tinha que fazer tudo exatamente quando batesse 00h01min, liberei minhas asas e a peguei pela mão, ela estava com medo de mim eu podia ver em seus olhos, porém ela se abraçou a mim.
- Vamos para casa.
Ela apenas concordou com um aceno de cabeça e eu alcei vôo e fomos em direção a “nossa” casa. Não trocamos uma palavra no caminho, eu apenas a deixei pensar nas coisas que eu havia contado. Chegamos e ficamos na varanda da casa, era um lugar afastado e não havia ninguém por perto, então não me preocupei e deixei minhas asas de fora.
- Nariel, você foi negociar minha alma com o demônio?
- Como...
- Eu não sou tão inocente quanto você pensa, quando eu tinha treze anos tinha visões de coisas ruins antes de elas acontecerem. Eu tinha medo, muito medo, e meus pais me internaram em uma clínica de “repouso” digamos assim e eu pesquisei sobre todas essas coisas sobrenaturais, e quando eu completei quatorze anos e as visões pararam eu achei que não tinha mais nada e estava curada. E simplesmente quis esquecer o que havia aprendido sobre o diabo e suas artimanhas.
- Você nunca me contou isso.
- Como eu acabei de dizer, eu quis esquecer. Mas coisas assim nunca nos abandonam. Não é mesmo?
- Cléo, a missão que me foi dada pelos arcanjos é de entregar sua alma.
- Bem então faça-o.
- Eu não posso, pois eles a dissipariam. Uma alma entregue aos arcanjos é transformada em força divina para eles. E jamais pode ser reconstituída.
- Ah o inferno. Tinha me esquecido disso.
- Meu amor por você é maior do que qualquer coisa em todos os meus milênios de existência.
 Ficamos em silêncio, vendo o sol se por. Ela não havia pronunciado uma palavra sequer desde a minha ultima frase e isso me deixava intrigado, eu jamais poderia imaginar o que se passava na mente dela. E o que eu poderia fazer para tentar desvendar. Eu não me movia e nem ela. Faziam horas que estávamos ali, mas eu queria que ela quebrasse o silencio. E assim ela o fez.
- Nariel, me conte como termina a história.
- Cléo eu...
- Vamos me conte, eu descobrirei de um jeito ou de outro.
- Bem, eu sou um anjo um guerreiro e, portanto minha essência é pura e forte o suficiente para fortalecer o reinado de um arcanjo caído, pois os que ainda permanecem no éden não necessitam de essência vital para se manterem vivos eles o recebem da força maior diretamente. Fui até lúcifer e prometi-lhe a minha essência em troca da sua alma livre de escravidão e livre do predomínio do inferno. Ele disse que o faria, mas que eu teria uma conseqüência.
- Estou ouvindo.
- Sua alma tem de ser entregue no primeiro minuto do dia da sexta lua cheia. E então converteremos nossas energias e você irá para onde a minha essência iria depois da minha vida carnal. E eu terei o seu destino cravado em mim.
- Você jamais deveria ter feito isso Nariel! Você é um guerreiro dos céus e não um mortal inútil.
  Ela havia entendido o que eu faria, mas o que me assustou é que ela sabia que não poderia fugir disso e mesmo assim se preocupava comigo e com o que eu havia feito. Como ela podia dizer isso? Ou se preocupar comigo? Eu a amava mais do que a mim mesmo e jamais faria algo diferente do que havia feito.
- Nariel, olhe para mim! Você não poderá fazer isso, eu quero ser levada aos arcanjos, eu quero você vivo. Eu faço o que for preciso.
 O relógio começou a soar a primeira badalada. Era meia noite, não!
- Cléo, não tem mais volta me perdoe, por favor. Minhas asas estão marcadas e eu jamais entraria no céu novamente com elas.
- Você não devia ter feito isso, meu amor, meu anjo, meu protetor, você não devia.
Seus lábios foram de encontro aos meus, e eu coloquei minha mão sobre seu coração e senti sua alma vibrando, estava chegando à hora.
- Nariel, você jamais deveria ter trocado a sua paz e seu paraíso eterno por mim.
- Cléo, meu paraíso seria um inferno sem você. Pois afinal você foi o meu pedaço do paraíso. Descanse eterna e pura, até que céu e inferno se unam novamente e nos reencontremos.
  Então a hora chegou 00h01min, e nossas almas se dissiparam. A mulher que eu havia amado e que havia me mostrado o verdadeiro paraíso iria conhecer o que os anjos chamavam de éden.

                                                                  FIM 

Beijos 
Natália Moraes Costa

3 de jan. de 2011

"Meu Pedaço do Paraíso" / parteIII

Terceira parte da minha fic e espero que quem está lendo esteja gostando. Eu to tentando caprichar, mas como é minha prmeira fic deem um desconto ok?! Enfim galera eu juro que estou tentando terminar ela agora na quarta parte e por isso a quarta vai ser meio grandinha mas nada exagerado.Bom aproveitem a leitura.

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Então a longa história começou e eu estava concentrada e preparada para tudo que eu pudesse ouvir naqueles momentos que se seguiriam.


 - Há muitos anos quando Lúcifer um dos arcanjos de Deus “caiu” a força maior decidiu que eram necessários mais anjos e não apenas os sete, que haviam se tornado seis.  Então foi criada uma forma de hierarquia angelical no plano astral. Existem os arcanjos, serafins, querubins, e muitas outras classes, porém as principais são essas que mencionei. Todas as classes com exceção dos arcanjos tem a permissão de se projetar no plano terrestre e tomar a forma de seu avatar mortal, não podemos mostrar nossas asas para todos os humanos apenas para os escolhidos e elas só aparecem à noite. Pois é muito mais fácil esconde-las.
- O que você quer dizer com escolhidos? – Meu coração pulsava loucamente, parecia que eu havia adentrado numa história mitológica antiga e não conseguia assimilar muito bem tudo que estava acontecendo, então ele continuou.
- Essa é uma questão delicada, deixe-me explicar mais a você sobre todo o resto e ficará mais fácil.
- Acredito que essa história será mais longa do que imaginei, podemos nos deitar na cama e ficarmos mais confortáveis o que você acha?
- Como você preferir Cléo.
Nos dirigimos ao quarto e nos deitamos, ele tocou meus lábios suavemente com os dele e falou.
- Posso continuar?
- É claro me desculpe. – Sorri envergonhada por ter atrapalhado uma história tão complexa.
- Mas se você sentir vontade de fazer perguntas as faça, eu não me importarei com isso. Bem como eu estava falando, nós anjos assumimos os avatares mortais, e praticamente nos tornamos humanos, sentimos tudo que vocês sentem e temos as mesmas necessidades. A diferença é que possuímos asas e nos projetamos ao plano astral, claro algumas coisas são diferentes. Vocês humanos chamariam de super-poderes, temos um sexto sentido aguçadíssimo, força e velocidade maiores.
- Mas você pode morrer, aqui, agora?
- Sim.
- Mas de que adiantam os poderes então?
- Eles tornam mais fácil escapar de situações em que poderíamos perder nosso avatar.  De maneira que apenas não nascemos. Porém envelhecemos e morremos naturalmente.
- Não compreendo muito bem, e como vocês fazem para ter um nome, trabalho e essas coisas todas se vocês não nascem?
- Deus nos colocou aqui como guardiões, e protetores da vontade dele. E podemos criar em nossas mentes e transformar as coisas. Por exemplo, eu posso pegar um pedaço de papel aqui e criar uma carteira de motorista para mim como eu já fiz e possuo, e dentre isso estão todas as coisas que os humanos necessitam para serem “cidadãos”.
  Ele fez sinal de aspas quando falava essa palavra, como se fosse algo engraçado. Eu ri com o gesto e me senti mais tranqüila a história até agora não tinha nada de tão extraordinário.
- Bem que eu sempre desconfiei da história de “eu sou adotado, e meus pais morreram e não tenho mais contato com a família adotiva.” Era bem fantasiosa mas eu acreditei nela.
- E não é mentira, nós querubins podemos viemos ao mundo como bebês disfarçados por assim dizer, é angustiante ter a mente de um anjo e saber tudo que acontece estando no corpo de uma criança. Essa é toda a piada e a maldição da nossa vida corpórea.
- Como assim?
- Quando um anjo de qualquer classe decide vir a terra ele vêm com a sua mente eternizada e seu espírito de anjo, sabendo tudo que se passa, como posso lhe explicar de uma maneira que você entenda ...
- Eu acho que entendi, você quer dizer que tinha o mesmo conhecimento e a mesma compreensão de mundo que tem agora, mesmo quando era um bebê.
- Isso mesmo, essa é a minha garota, prestando atenção a todos os detalhes não é mesmo?!
- Sempre. Mas e como vocês surgem na terra?
- Nos materializamos em portas de orfanatos, porém sempre que viemos já existe uma família predestinada para nós. Como o destino de todos os humanos cruéis já está traçado, sempre somos adotados por pessoas que em treze anos irão morrer.
- O que?!
- Não faça essa cara de espanto, todos morremos um dia. Então, quando completamos os treze anos nossa família adotiva morre por algum motivo natural ou acidente. O que já estava escrito para ela. E apenas usamos o tempo restante delas para tentar salva-las entende? Fazer com que se arrependam e escolham o caminho do bem antes do fim. Por isso somos chamados de guerreiros ou protetores.
- Então é por isso que vocês vêem a terra, ou plano terrestre ou sei lá como vocês chamam?
- Essa é nossa missão obrigatória quando crianças e jovens, mas outras missões são nos dadas à medida que crescemos e nossa responsabilidade se torna maior.
- E que tipos de missões são concedidas a vocês?!
- Nós querubins normalmente assumimos o papel de protetores dos humanos, isso inclui destruir anti-cristos, feiticeiros, demônios, espíritos mal intencionados e qualquer coisa que venha a interferir ou devastar a fé dos homens.
- Acho que entendi toda essa coisa, mas tem algo que está me deixando com minhocas na cabeça.
- O que? – Ele perguntou com um sorriso travesso nos lábios, como se soubesse o que eu iria perguntar, seu hálito doce preencheu todo o meu sistema e minha mente deu um blackout, eu sabia o que queria perguntar, mas minha mente simplesmente esqueceu de como mandar o comando ate minha boca, e de repente ele estava em cima de mim, seu calor irradiando e quase queimando minha pele. O sorriso travesso ainda estava lá no rosto perfeito dele, seus olhos brilhavam como pérolas no fundo do mar, porém tinham uma ponta de tristeza e eu não compreendia o porque disso, mas não me importei pois o meu Nariel, meu anjo de asas negras, estava lá como sempre havia sido. Fiz uma nota mental de perguntar se todos os anjos possuíam as asas negras, e depois disso deixei que o corpo e as emoções me levassem.

Beijos 
Natália Moraes Costa

"Meu Pedaço do Paraíso" / parteII

Continuação da história de Cléo e Nariel, sei que havia dito que esse já seria o final porém planejei algo maior e mais elaborado que já está com outra parte pronta, espero que curtam muito,  :)


Estávamos deitados sobre o tapete em frente à lareira, não que fizesse frio naquele início de manhã, mas havíamos concordado em ligá-la. Meu novo cobertor era lindo e muito quente, um par de asas que envolviam todo o meu corpo nu deixando apenas parte das pernas de fora. Eu sentia o coração dele batendo junto ao meu, sua respiração um pouco ofegante, enfim consegui falar:
- Nariel, isso é um sonho?
- Meu amor como você é boba às vezes – meu ritmo cardíaco falhou quando eu ouvi a forma com a qual ele se referiu a mim.
- Eu sonhei isso tantas vezes, eu sentia sua presença tão próxima de mim que, ah é claro sem essa coisa toda de asas e bem, é confuso te ter aqui e estar em seus braços.
- Você preferiria que fosse um sonho?
- É claro que não, não fale tolices. É que eu ainda preciso entender, e acreditar que você é um anjo. Ou não, você é um anjo certo?
- Hum, algo do gênero eu diria.
- E eu vou poder entender a que gênero você se refere?
- Isso eu ainda não sei.
 Aquele começo de conversa me deixou tremendamente preocupada, nunca houve segredos entre nós, bem eu estava errada, afinal ele era um anjo e eu não sabia disso até a presente data.
- Cléo.
- Hum?
- Você acredita em paraíso e inferno?
-Porque você perguntaria isso para mim? Afinal eu sou uma simples mortal, e quem deveria fazer essa questão sou eu. Mas se você quer mesmo saber se acredito nesta coisa toda, bem eu não acredito. Apesar de estar envolta em asas negras e macias do que eu acredito ser um anjo, a idéia não me atrai.
  Até aquele momento eu não havia me dado conta de que as asas dele eram negras, mas acho que isso não faria diferença. Ele caiu novamente em seu silêncio e eu achei melhor não quebra-lo mais uma vez, então fiz uma menção de que iria me levantar e sua asa e seu braço que estavam envoltos em mim se apertaram, como se quisesse dizer que eu não deveria me mover um centímetro.
- Você quer alguma coisa? – a voz dele parecia triste
- Não, eu estou bem, apenas...
- Apenas?!
- Eu não sei, ia fazer algo para comermos, já são quase oito horas. Você ainda come né?
   Ele riu com a pergunta e eu não pude evitar de rir junto, a presença dele fez com que o tempo em que ele permaneceu longe ficassem tão enterrados no passado que até parecia que ele nunca havia partido. Então ele me soltou e deixou que eu levantasse e me vestisse, eu havia fechado as cortinas de toda a casa antes que nos deitássemos juntos sobre o tapete, achei que seria uma boa opção abri-las novamente para que o sol adentrasse dentro de casa, ao fazer isso olhei com um sorriso para Nariel e quando o primeiro feixe de luz tocou seu corpo suas asas simplesmente desapareceram. Eu fui abrir minha boca para perguntar o que havia acontecido e no mesmo segundo desisti. Ele me explicaria depois junto com toda essa coisa anjo não anjo.
- O que você quer comer algo em especial que eu possa fazer?
- Eu acho que apreciaria um suco e um bom sanduíche, mas daqueles que só você sabe fazer! – a ênfase da segunda parte foi maior e mais animada. -
- Acho que tenho os ingredientes que você gosta aqui ainda.
- Vou me vestir você ainda tem aquelas roupas que eu deixei aqui?
- É claro, elas estão exatamente no mesmo lugar, mas isso eu acho que você já sabe não é?!
- Sim eu já imaginava.
Passaram-se alguns bons minutos e ele não havia retornado, e eu não ouvia um único som vindo do quarto. Larguei os alimentos em cima da mesa e me dirigi ao quarto, quando cheguei próxima da porta ouvi sua respiração pesada e como se algo o tivesse incomodando, preferi não incomodar o que quer que fosse que o estivesse deixando assim me virei para voltar à cozinha e meio segundo depois senti seus braços a minha volta.
- Desistiu de me fazer o café da manhã?
- Apenas achei que você estivesse demorando, pensei que não estava encontrando suas coisas.   
- Eu as encontrei exatamente como deixei, obrigado.
- Não há porque agradecer.
- Cléo precisamos conversar, e não sei direito como começar a explicar o que me trouxe de volta.
- Achei que tivesse voltado por mim.
- Sim, não. Bem é muito mais complicado que isso e espero que você me entenda.
- Eu irei entender se você me explicar Nariel. Chega de rodeios, e de meias palavra eu quero a verdade e toda ela agora. Esperei oito meses, sofri todo esse tempo sem entender porque você partiu. É chegada à hora em que as asas que eu vi ontem à noite tomem seu lugar na história me entende?
- Sim eu entendo. Podemos apenas comer primeiro, e enquanto fazemos isso eu começo a lhe explicar a história.
- Eu mal posso esperar para ouvir.
   Ele apenas sorriu com as minhas palavras, mas não era um sorriso engraçado. Ele era irônico, e esse lado de Nariel eu ainda não conhecia e estava começando a me preocupar. Nos sentamos à mesa e comemos em silêncio, até que o som da voz dele preencheu toda a casa.
  - Você tem certeza de que quer ouvir? E que esta pronta para aceitar e principalmente acreditar no que eu vou lhe dizer?
- Quanto à questão do acreditar eu não garanto muita coisa, mas acho que as suas asas já abriram muitos caminhos na minha mente.


[continua ...]
Beijos
Natália Moraes Costa