14 de ago. de 2011

Os Acordes da Substituição

   É só nos descuidarmos por um instante e pronto: lá estamos nós presos na armadilha. Reféns de nós mesmos. Essa situação, tão estranha e ao mesmo tempo tão corriqueira, se dá todas as vezes que acreditamos que algo é único em nossa vida. Aquela pessoa que já não amamos, e que insistimos que fique ao nosso lado. O amigo que se aproveita de nossas fragilidades para nos ferrar emocionalmente, crendo que sua vida é um enredo suficientemente interessante para ser repartido e repetido. E muitas outras situações em que nos acreditamos privilegiados por contar com a presença e a disponibilidade de quem, convenhamos mais atrapalha do que ajuda.
   Resistimos às mudanças externas porque elas implicam na necessidade de olharmos, primeiramente para as mudanças internas que elas provocarão. Parece sempre mais cômodo e seguro ficar com o que temos. Seja bom ou ruim. Desde que deixamos de ser nômades, acabamos por nos acomodar não só em termos geográficos mas, principalmente comportamentais. Raros são os que se permitem enfrentar desafios sem que a sua estrutura emocional seja severamente abalada. É mais fácil deixar que os outros se desloquem ao nosso redor. Mesmo que com isso acabemos com os membros atrofiados. Nada parece ser mais confortante do que a certeza que as coisas não sofrerão alteração alguma. É sabido que a melhor forma de dar poder a alguém é fazê-lo crer que é insubstituível. Só faltam entregar as algemas para que sejam colocadas em nossos pulsos. Porém nada é único. E ninguém tampouco o é. O que podemos é dar o melhor de nós quando formos solicitados, sem esquecer que atrás de nós sempre vem uma fila gigantesca de candidatos para ocupar nosso lugar. Perceber que ninguém é tão importante a ponto de não poder ser substituído. Infelizmente variam os acordes das pessoas, mas, essencialmente, a melodia é a mesma basta apurar os ouvidos e notar por quem podemos ser substituídos ou o que.

Beijos
Natália Moraes Costa

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